TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA NONA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 19 de dezembro de 1986.
Presidida
pelos Srs. Vereadores Brochado da Rocha - Presidente.
Secretariada
pela Sra. Gladis Mantelli - 1ª Secretária e Isaac Ainhorn - Secretário "ad
hoc".
Às
15h46min, o Sr. Brochado da Rocha assume a Presidência e solicita à Sra. 1ª
Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação
de "quorum".
Responderam
os Srs. Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt, Auro Campani, Brochado
da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães, Ennio Terra, Frederico
Barbosa, Getúlio Brizola, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jaques
Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mendes
Ribeiro, Paulo Sant'Ana, Rafael Santos, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco e
Werner Becker.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os
trabalhos da presente Sessão Extraordinária.
3ª SESSÃO
PROC.
2648 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 85/86, que dispõe sobre a adequação do padrão de vencimento de
cargos em extinção e dá outras providências.
PROC.
2668 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 11/86, que altera dispositivos da Lei
Complementar nº 7, de 07 de dezembro de 1973, modificada pelas Leis
Complementares nºs 27, de 10 de
dezembro de 1976, e 35 de 08 julho de 1977, e dá outras providências.
PROC.
2670 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 12/86, que Isenta do pagamento do IPTU e Taxa de
Coleta de Lixo e dá outras providências.
PROC.
2671 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 13/86, que estabelece limites de reajustamento e
institui isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano.
PROC.
2672 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 14/86, que concede isenção do Imposto Predial e
Territorial Urbano aos imóveis destinados à produção e comercialização de
hortifrutigranjeiros.
PROC.
2673 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 15/86, que isenta do pagamento do IPTU e institui
alíquota especial.
PROC.
2674 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 16/86, que concede isenção do Imposto Predial e
Territorial Urbano às novas Indústrias e dá outras providências.
PROC.
2631 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 10/86, que dispõe sobre o limite máximo de
retribuição pecuniária e dá outras providências.
PROC.
2632 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 84/86, que dispõe sobre a remuneração dos Secretários Municipais e
dá outras providências.
PROC.
2693 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 87/86, que autoriza o Departamento Municipal de Limpeza Urbana -
DMLU a contratar operação de crédito FINAME junto ao Banco de Desenvolvimento
do Estado do RS, e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Já foi
dito na tribuna e insisto em dizer da inoportunidade desta convocação,
especialmente em relação ao número de processos remetidos a esta Casa. No que
concerne às modificações dos valores reais do IPTU, estranhamos que seja dito
pela Secretária que apenas os prédios de altos valores teriam aumento. Estive
examinando, como fizeram o Ver. Hermes Dutra e Luiz Braz, no que tange à minha
rua e bairro, até em socorro do Ver. Cleom Guatimozim, que reside naquele
bairro há muitos anos, o Vereador mais votado de Porto Alegre de todos os
tempos, que teve uma votação, naquela área, merecidamente maciça, para que me
faça uma correção se eu estiver errado. No nosso bairro, Ver. Cleom Guatimozim,
não houve nenhuma melhoria nos últimos anos, absolutamente nada. O que aumentou
foram os buracos, a falta d'água, as fugas d'água, a falta de luz. Então, na
área, o que há é uma fartura total: "farta" tudo. E eu pergunto: qual
a justificativa para que o nosso bairro seja "contemplado" com esse
percentual exagerado de 250%? Vejam os Vereadores que o Jardim Botânico é
exatamente um bairro que pode ser tomado como protótipo de uma análise, ali não
aconteceu nada, nos últimos anos, de melhorias. Pergunto: o que fizeram os
moradores do Jardim Botânico para merecer esse "prêmio" de fim de
ano? Que Natal formidável que o socialismo moreno impinge à comunidade do
Jardim Botânico! Digo Jardim Botânico, porque o próprio Ver. Hermes e o Ver.
Luiz falaram sobre o Santo Antônio que também é um Bairro que está nessa minha
análise em relação a esse problema. Ainda no bairro Santo Antônio, quem sabe,
houve uma melhoria com o canal 10, alguma coisa. A imagem não melhorou? Ah, já
era boa! Então, nem isso. Agora, lá no Botânico, nem isso, absolutamente nada
aconteceu para que o bairro Jardim Botânico fosse penalizado de maneira tão
impiedosa. Eu vou votar, para olhar para a cara do meu vizinho, de manhã quando
vou buscar o leite no barzinho e ele me acusar de que estou conivente com essa
facada? Não, eu já declaro o meu voto tranqüilamente, desse aumento eu não
participo, não vou votar. Felizmente e minha Bancada sou eu mesmo e a Bancada
reunida comigo mesmo resolveu que não vota, porque não acha justo sequer
atualizar uma coisa que se julga errada de uma vez só. Foi confessado, aqui,
que há várias décadas os erros têm-se sucedido, mas de uma vez só, apenas de
uma facada só se cria para a população essa dificuldade de fim de ano e eu
considero o Projeto como um Robin Hood atrapalhado que tenta tirar muito de
quem tem alguma coisa para não dar nada a quem já não tem nada, porque não
acresce nada para aqueles que já não têm nada e tira muito daqueles que têm
pouca coisa. Hoje, pela manhã, foi levantado algo muito importante, que é o que
concerne aos imóveis alugados, que vão ser repassados aos locatários os
impostos aqui votados. Este problemas dos aluguéis é que cria na população uma
situação muito pior do que o proprietário que reside em seu próprio imóvel e
que não paga aluguel.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, este imposto que pega os moradores lá do Jardim
Botânico, do bairro Santo Antônio, que são moradores de classe média baixa e
que foi exatamente a classe que mais perdeu desde fevereiro com o Plano
Cruzado, que foi bom para a classe pobre, mas ruim para a classe média, que foi
a única classe que, realmente, perdeu e é justamente m cima dessa classe que
vem a cobrança de IPTU, na base de duzentos e cinqüenta cruzados. Nós, da
classe média, vamos pagar o mesmo que vão pagar as elites para que se reponham
aos cofres do Município aquilo que este também perdeu.
O SR. JORGE GOULARTE: Sou grato a V. Ex.ª. Disse que é um Robin
Hood equivocado, atrapalhado, porque este mesmo tirava dos senhores feudais,
dos reis e dava aos súditos. Agora, este Projeto tira de quem não é rei, nem é
senhor feudal, tira daquele que tem um único bem, pois a imensa maioria, mais
de 95% são proprietários de um único imóvel. Ainda se fosse, para repercutir
para quem nada tem, tudo bem. Absolutamente que não é por isso, coloco-me
contrário ao Projeto. Quero ter a tranqüilidade de olhar no rosto de meu
vizinho de manhã. Os moradores da zona do Jardim Botânico já se perguntam:
"o que vai sair por lá para nos aumentarem em 250%? Vai ser alguma elevada
que conduzirá diretamente para o centro, sem passar pela Av. Ipiranga, tão
congestionada? Vai acontecer alguma coisa para se evitar a Protásio Alves, vão
evitar as cheias tão freqüentes quando chove um pouco, frente ao próprio Jardim
Botânico, por onde não se pode passar de carro, pois a água vai até o nível do
meio do carro?” Se fosse ainda para fazer uma elevada para que não houvesse
este problema, ainda se justificaria essa força maior. Mas o que fizeram com o
Jardim Botânico que o Jardim Botânico sofre 250% de imposto a mais?
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu acho, em primeiro lugar, que nós devemos ter bem presente,
Vereador, que de repente esta Casa passou a estabelecer o patamar de reajuste
de 250% para todos os imóveis da Cidade de Porto Alegre. Em 2º lugar, V. Ex.ª
sabe que a Prefeitura hoje, praticamente, tem os recursos orçamentários
destinados a pagar seus funcionários e sabe, conhece, como estudioso dos
orçamentos da despesa e receita do Município, as dificuldades que tem o
Município para comprar lâmpadas para iluminação pública desta Cidade. Não
precisa para fazer elevadas, não. Inclusive até tem um dispositivo que diz que
os recursos que extrapolarem a inflação teriam que ser aplicados em finalidades
que, hoje, a Secretária da Fazenda explicou.
O SR. JORGE GOULARTE: Eu peço a V. Ex.ª que olhe as listagens
por ruas e V. Ex.ª verá que não é o que está no Projeto, não são os bairros
chiques que vão ser penalizados com esse aumento exagerado. E em geral vai
pegar a todo mundo, indistintamente dependendo do índice da valorização do
imóvel, do bairro, e por isso eu sou radicalmente contrário. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra, o Ver. Isaac
Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem-se
discutido muito quanto à evasão das indústrias da Cidade de Porto Alegre. Na
região metropolitana, constituída de treze cidades, tem-se observado que os
empresários, hoje, preferem a implantação de unidades industriais fora da
Cidade de Porto Alegre, na medida em que a nossa Cidade não tem oferecido
nenhuma vantagem para que aqui se estabeleçam indústrias. Neste sentido, nós
entendemos que esse conjunto de projetos que estabelece isenções de tributos
municipais, especialmente, o IPTU é extremamente positivo para a melhoria de
recursos para a nossa Cidade.
Na
Sessão anterior, tivemos oportunidade de nos deter na discussão, no debate, na
reflexão sobre o Projeto de Lei que isenta de IPTU aquelas propriedades, no
âmbito da Cidade de Porto Alegre, que dedicarem 60% de suas atividades para a
exploração de atividades agro-pastoris. Tivemos a oportunidade de fazer uma
reflexão sobre a importância que tem para a Cidade este Projeto. Agora, nos
reportamos ao Projeto que isenta as unidades industriais estabelecidas na
Cidade de Porto Alegre que se implantarem aqui a partir de 1º de janeiro de
1987, porquanto o artigo 4º do Projeto de Lei Complementar que concede isenção
de Imposto Predial, Territorial e Urbano, estabelece que estão excluídas do
benefício desta Lei as indústrias que em 31 de dezembro de 1986 já se
encontravam instaladas. Conseqüentemente, visa o presente Projeto estabelecer
condições favoráveis para aquelas empresas que aqui queiram se instalar. O
Plano Diretor, infelizmente, ainda que tenha uma natureza elitista, destina
áreas restritas à localização de indústrias. E eu entendo que é o momento,
ainda, de abrir espaço para novas indústrias se estabelecerem na cidade de
Porto Alegre, pois, se elas são isentas do IPTU, de outra parte trazem muitas
vantagens, em razão do retorno de ICM que adviria pela sua atividade dentro da
Cidade.
Por
outro lado, gostaríamos de analisar um outro projeto que estabelece isenção de
Imposto Territorial Urbano para entidades de natureza recreativa e esportiva. E
estabelece dois patamares extremamente interessantes: um de isenção, outro de
diminuição de alíquota. O de isenção atinge exatamente aquelas entidades
recreativas e esportivas que tenham em seu patrimônio imóveis cujo valor global
não ultrapasse, em cada exercício, 4 mil unidades de referência padrão de nossa
Cidade. Isto quer dizer que só tributará aquelas que tenham patrimônio superior
a 2 milhões de cruzados. De outra parte, aquelas que não se enquadram no
“caput” do art. 1º, ou seja, 2 mil unidades de referência padrão, se
enquadrariam numa alíquota extremamente benéfica, que é de 0,2%. Portanto,
estas são as isenções estabelecidas neste conjunto de leis presentes neste
pacote da minirreforma tributária. De outra parte, temos que fazer uma reflexão
profunda para ter presente com relação àquilo que está sendo objeto da maior
divergência e debate aqui nesta Casa, que é a presença de reajustes de até 250%
do IPTU. Acho que, de forma geral, concordo que, numa época como a nossa, onera
substancialmente - é mais um aumento onerando sobretudo a classe média, na
medida em que os 250% se dariam nos imóveis superiores a 4 mil UPRs, ou seja,
imóveis superiores ao valor de 2 milhões de cruzados. Também temos que ter
presente, ao lado da realidade por que passa a nossa Cidade, de dificuldades de
natureza orçamentária, temos que ter presente a responsabilidade social dos
contribuintes da cidade de Porto Alegre, que pelo projeto têm a sua alíquota
diminuída quanto à incidência do Imposto Territorial Urbano. O que está havendo
e que geraria até um aumento de 5, 6 mil por cento é a revisão da planta de
valores da nossa Cidade. É esta que está sendo revisada, é sobre esta que está
se fazendo uma revisão e não está na realidade se aumentar o tributo
propriamente dito, porque a alíquota, pelo Projeto de Lei, além de ser
uniformizada, está num patamar menor, de 0,85%. Sei que é extremamente difícil
para o Município, nas nossas condições, sei da realidade que causa, da dureza
que causam aumentos de qualquer espécie para o bolso do contribuinte e de uma
inflação que já estamos sentindo muito presente com o descongelamento que já se
deu, não só de fato, mas oficialmente comunicado pelas autoridades da República.
Portanto, não há dúvida alguma de que enfrentaremos, no próximo ano, uma
inflação acima de 150%, quando a média dos reajustes que se darão, em função de
uma revisão da data de valores da Cidade de Porto Alegre, será de 104%. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim.
Ausente. A seguir, o Ver. Antonio Hohlfeldt. Ausente. Ver. Hermes Dutra. Desiste. Com a
palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mandem
a verba. Palavras vãs. Discutir o elenco de processos que cai sobre esta Casa,
principalmente os que são denominados de minirreforma tributária... Quero-me
ater, especificamente, ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 11/86,
que altera dispositivos da Lei Complementar nº 7, modificado pelas Leis 27 e
35, e, também, em conseqüência, ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
13, que estabelece limites de reajustamento e institui isenção de imposto
predial e territorial urbano.
Esta
manhã, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tivemos, nesta Casa, a agradável
presença da Secretária Municipal da Fazenda, que estabeleceu, com os Srs.
Vereadores, uma discussão em termos altamente técnicos. Não se pode, de maneira
nenhuma, desconhecer a qualificação da Sra. Secretária, a alta competência
demonstrada, mas, no trato das questões técnicas, nós ficamos numa defasagem
muito grande, porque o Executivo dispõe de todos os recursos e de todo tempo
necessário para elaborar os projetos que vêm a esta Casa para que nós os
encaminhemos, pró ou contra, em pouco tempo. A nossa preocupação, a minha
preocupação, a preocupação do Partido Comunista Brasileiro é com a repercussão
da discussão técnica que se estabeleceu aqui, hoje. Quanto vai pagar de aumento
de imposto, efetivamente, cada contribuinte, seja o que mora na Rua da Praia,
seja o que mora no Moinhos de Vento, seja o que mora numa vila popular, seja o
que mora numa vila operária, essa é a questão que nos aflige. Vários Vereadores
solicitaram informações à assessoria da Sra. Secretária. Não puderam nos dar
com clareza as respostas que pedíamos. Então, solicitamos que, na
segunda-feira, essa assessoria viesse munida de dados mínimos que pudessem
confortar a nossa posição. Parece, Srs. Vereadores, que se está a estabelecer
nesta Cidade uma situação muito esquisita. O proprietário de um imóvel onde ele
reside está sendo considerado como um cidadão de qualificação excepcional no
elenco social e econômico da Cidade. Estamos assistindo uma reviravolta no
conceito, até, de esquerdismo, porque já está se querendo penalizar o cidadão
que possui um imóvel onde ele mora como se fosse um cidadão de qualificação
excepcional, como se fosse um milionário. Às vezes, esse imóvel foi conseguido
com muito sacrifício, e o fato de que hoje se está querendo penalizar no âmbito
municipal a classe média também não tem procedência. Se o Governo Federal está
fazendo isso há muito tempo, se o Governo Estadual está fazendo isso, pelo
menos aqui, na Câmara de Vereadores, haverá de ter alguma voz que se levante
contra o achatamento a nível municipal, porque, por incrível que pareça, a
classe operária não vai ser tão atingida por este Projeto. Não sei se V. Ex.as
sabem, mas a maioria dos operários desta Cidade é proprietária, porque o
operário não pode viver de aluguel; ele tem o seu terreninho e constrói em cima
o que ele pode. São vários bairros desta Cidade que são ocupados por operários
com suas casas próprias. É verdade que com o segundo projeto terá que ser
regularizada a situação dos terrenos, e então quem vai poder agüentar mesmo
sendo proprietário? Vão penalizar também a classe operária, mas a grande
penalizada por esses dois projetos é a classe média que vive de aluguel. A
grande maioria da classe média vive de aluguel e, como se sabe que o aumento
dos impostos é repassado ao aluguel, é fácil de se deduzir que a maioria vai
ser empurrada para baixo da ponte. Não vai haver ponte suficiente em Porto
Alegre para a classe média residir.
O Sr. Jorge Goularte: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Cumprimento-lhe pela análise que está procedendo. Hoje, pela manhã,
houve uma explicação de que os terrenos a serem menos penalizados seriam os que
os proprietários estão juntando dinheiro para a construção. Ora, quando se têm
muitos terrenos, aí sim, pelo contrário, estão sendo guardados para serem
explorados para serem vendidos à população quando forem construir em cima
desses terrenos. Há uma manipulação exatamente ao contrário.
O SR. LAURO HAGEMANN: O aparte de V. Ex.ª enseja dizer que
estamos diante de um quadro com vários patamares. Podemos examinar estes
Projetos sob vários ângulos: econômico, tributário, que é o ângulo específico
do Projeto, mas todos eles, examinados de que lado forem, terão um resultado
final no lado social. Aí é que a situação se complica. Estamos filosofando em
termos de cidade com uma impropriedade total. Estamos desenhando uma cidade
para o ano 2.050 ou 2.100, quando não estivermos mais aqui, a qual será
impossível de ser habitada. Este é o problema que nos aflige. Nós temos que ter
sensibilidade hoje para não inviabilizarmos a vida dos futuros cidadãos nesta
Cidade.
É
necessária a reforma tributária? É, ninguém ignora e ninguém desmente isso. Mas
ela terá que ser feita gradualmente, com um grau de justeza, o maior possível.
Claro que vão haver problemas, particularidades, pois a lei não é tão perfeita
assim que abarque todo o universo sem causar alguma pena a alguém.
O Sr. Jorge Goularte: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Se fosse aos poucos! Pois existe uma defasagem. Se fosse em três,
quatro ou cinco anos, tudo bem. Mas não de uma vez só penalizar os
contribuintes.
O SR. LAURO HAGEMANN: Vou citar apenas um exemplo de um bairro
conhecido: o Bom Fim. Fui morador do Bom Fim durante dez anos. Conheço a vida
daquela gente lá, sei de como se compõe o bairro. Receio que vá haver uma
rebelião no Bom Fim quando se aplicarem os resultados desses projetos, se forem
aprovados por esta Casa. Porque ali reside uma população de classe média, a
mais representativa que se pode chamar. Gente que detêm residência, que
amealhou recursos, comprou com muitas dificuldades. E não são só os judeus que
moram ali, que se agruparam ali, com muita honra para Porto Alegre, e fizeram
daquele bairro um bairro característico, mas também exemplar, da cidade. Então,
nós temos que atentar para tudo isso. Infelizmente há precariedade de tempo
para se aprofundar em um estudo desta ordem. Esta Casa tem apenas 4 dias para
deliberar, enquanto o Executivo teve meses para formular as suas propostas. Eu
receio - já manifestei isso na Sessão de Instalação desta Convocação
Extraordinária - que não haverá nenhuma alternativa para alguns Vereadores a
não ser recusarem estes Projetos. Eu disse e repito: não vim para esta Casa com
ânimo de oposição permanente, porque não é esta a nossa tarefa. A nossa tarefa
é contribuir para a Administração Municipal, mas existem coisas em que a gente
vai ter que pensar duas vezes. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, que
falará em Tempo de Liderança.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero,
em Tempo de Liderança, fazer uma comunicação à Casa e uma conclamação. Os
funcionários da CRT, na semana passada, dentro da luta com vistas à melhoria
salarial e à negociação, em função da renovação anual de seus salários, que é
no mês de janeiro, fizeram greve no dia 12, que coincidiu, inclusive, com a
greve nacional do dia 12. E a greve da CRT funcionou. Lá os funcionários,
realmente, fizeram greve, dentro daquele direito do trabalhador de forçar a
empresa a atender parte ou todas as suas reivindicações.
É
natural que greves tenham os seus problemas. Se, por um lado, não se pode dar o
direito de que o trabalhador, alegando o direito da greve, faça depredação,
destrua o bem da empresa, ou parta para a agressão pessoal, por outro lado, não
podemos querer que um movimento que envolveu todos os funcionários da empresa,
com algumas exceções, muito poucas, se processasse como se fosse uma oração em
colégio de freiras. É claro que ocorreram alguns problemas, problemas que nem
se sabe se foram feitos por funcionários da empresa, e lamentavelmente a
empresa, alegando a defesa do seu patrimônio, entendeu de processar seis
funcionários, com vistas à demissão por falta grave, isto é, sem qualquer
direito. Enquadra os funcionários Milton Ubirajara dos Santos Medeiros, que já
foi operário padrão da empresa, Marco Aurélio Souza, Margot Schiller, Mauro
Gonçalves, Nelson Shalts e Paulo Roberto Portela. Conheço todos eles e são
funcionários cumpridores dos deveres e que já deram pela empresa muito mais do
que algum diretor que está eventualmente no cargo. Nós não podemos aceitar -
daí o apelo que faço à Casa - esta solução simplista por parte da Direção da
Empresa. Se efetivamente houve excessos, que dêem punição, mas jamais colocarem
no olho da rua sem direito a nada, como o caso do Paulo Roberto Portela, que
tem 26 anos de empresa. Onde vai conseguir emprego? E o mais grave é que há
indicações seguras de que foi uma montagem estes falsos flagrantes dados,
infelizmente com testemunho de alguns outros colegas. Mas, naquela confusão, um
monte de gente lá dentro, a Brigada Militar na porta, como é que se pode querer
que se processe tudo na base do “com licença, é a sua vez, por favor, um passo
à direita”? Na verdade, é claro que aconteceram alguns problemas, que, vejam
bem, pode-se afirmar que não foram causados por nenhum desses seis. Aliás,
parece que a Direção está voltando atrás num desses casos. E, o que é pior, estas
questões, normalmente, servem para as vinganças pessoais, da negação dos
valores de amizade, companherismo, em função de interesses menores que um
funcionário eventualmente esteve atingido e aproveita para fazer a hora da
vingança.
Eu
não quero, aqui, achar que o Governador do Estado deva demitir a Diretoria da
Empresa. Acho que é obrigação da Direção da Empresa zelar pelo patrimônio, que
é nosso. Agora, não posso aceitar a solução simplista que é abrir um inquérito
com a finalidade de demitir todos por justa causa. Por mais culpados que fossem
os meus colegas da CRT, em absoluto mereceriam a pena que a Direção está-lhes
impondo. Que suspendessem o serviço por 30 ou 60 dias, mas jamais colocassem em
risco a própria sobrevivência desses colegas, porque, como disse, a telefonia é
monopólio do Estado do Rio Grande do Sul e pretendo, ainda hoje à tarde, ir ao
Gabinete do Sr. Governador do Estado, Dr. Jair Soares, lhe pedir que determine
a revogação imediata desta disposição anunciada pela imprensa, até porque são
colegas, companheiros que não são agitadores, que vivem fazendo greve aqui ou
acolá, ou açulando trabalhadores. São trabalhadores que raramente se envolvem
e, nesta questão, lá estavam, única e exclusivamente, porque foi um movimento
que atingiu a quase totalidade da empresa, que em uníssono reivindicava
melhores salários, como em uníssono, há seis meses atrás, se reuniu em busca de
melhores alternativas para a empresa. Seu corpo funcional, este mesmo corpo que
fez a greve, estava reunido, há pouco tempo, buscando alternativas para a
empresa, porque não admitia que se pensasse na privatização ou na passagem do
controle acionário para o Governo Federal. Com a responsabilidade do mandato
que tenho, faço da tribuna este apelo, e o farei ainda hoje ao Governador do
Estado, com vistas a que determine a imediata suspensão desta idéia e que
garanta aos funcionários que, se eventualmente um que outro extrapolou, lhes
será dada uma punição temporária, mas jamais que eles sejam ameaçados com a
perda do emprego, que é a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa, agravada
ainda pelo tipo de emprego que exercem os funcionários da CRT. É monopólio. Ou
se trabalha na CRT, ou não tem outro lugar para trabalhar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje em
Pauta, aproximadamente, 10 processos, e verificamos que, durante a discussão, o
objetivo foi alcançado quando as Bancadas manifestaram seu pensamento a
respeito dos processos em tramitação. Essa manifestação que se verificou
durante a discussão em Pauta deixou claro, demonstrou o interesse que sempre
demonstraram, não agora, mas através dos tempos, todos os Vereadores,
independentes de sigla partidária, para os problemas de interesse da Cidade.
Inicialmente a Casa foi colhida no recesso por um grande número de processos,
entre os quais alguns rotulados de "avalanche". Nós sabemos que Porto
Alegre é uma cidade com mais de 1 milhão e 300 mil habitantes. A Cidade não
entra em recesso, e esta Casa sempre a acompanhou. Sempre que chamada a
decidir, esta Casa procedeu como agora: comparece, em recesso, escolhe, vota e
decide todos os problemas, e o Prefeito Alceu Collares, antes de enviar os
projetos a esta Casa, dizia, como ex-Vereador que aqui teve assento durante 8
anos aproximadamente, ter certeza absoluta de que, apesar de considerar que o
Executivo tem apenas 11 meses de mandato, só agora consegue deslanchar tomando
conhecimento e ampliando a área social.
Vejam,
por exemplo, o Projeto que modifica os impostos. É claro que enquanto alguns
verificam que os impostos sobem em algumas áreas onde o poder aquisitivo é bem
maior, também se constata que 112 mil contribuintes são anistiados e que não
precisam pagar nenhum imposto, exatamente na área social onde o cidadão não tem
para pagar. E, se examinarmos onde há uma proposta de aumento dos impostos, se
examinarmos, Ver. Werner Becker, o preço de mercado que foi levantado nos
classificados dos jornais para se chegar a isso, vamos verificar que o valor
venal desses apartamentos e dessas propriedades comporta o imposto proposto.
Ora, não se tem a pretensão que seja um projeto Robin Hood. Não, não é. Mas ele
anistia os que necessitam, e esta elasticidade se estende, também, à pessoa
jurídica, às sociedades. Ver. Jorge Goularte, a Associação dos Amigos do Bairro
Jardim Botânico não vai mais pagar impostos, porque tem uma característica
reivindicatória. Mas se aquela Associação fosse uma associação de pessoas com maior
poder aquisitivo, com cinco ou seis piscinas para adultos, com três piscinas
para crianças e outros equipamentos de luxo para recreação, seria justo que
essa entidade pagasse por essa recreação, por esse lazer e pelo luxo. É, mais
ou menos, isso que o Prefeito está propondo nesse Projeto, que tem sido o mais
discutido e o mais debatido, no momento, neste Plenário. Ora, nós temos certeza
de que há necessidade de uma justiça social. Não há ganância fiscal nesse
processo. É praxe que os orçamentos do Município, através dos tempos, tenham
representado um mínimo de percentual sobre o total do orçamento e há uma
variedade entre 15 e 22%, o que representa o IPTU. Isso é uma irrealidade,
porque, se cobrando os 22% apenas do nosso orçamento como Imposto Predial e Territorial
Urbano e para manter essa máquina, para arrecadar esses 22% nós gastamos 8%, a
irrealidade é muito grande. O levantamento feito é o preço de mercado, é um
levantamento criterioso feito através daquilo que cobram as imobiliárias. É um
valor venal, e os Srs. Vereadores sabem que o valor venal é o aproximado do
real. O cidadão que tiver a sua propriedade desapropriada o terá pelo valor
venal, podendo recorrer à Justiça para o preço de mercado e, o que é
importante, uma propriedade tem vínculos até sagrados. Esse cidadão, esse
munícipe, esse proprietário nunca foi desamparado pelo Poder Judiciário e
sempre recebendo a retribuição a que faz jus, a que tem direito. Por isso,
entendemos que este Projeto, mais debatido na tarde de hoje, na Pauta que fizemos
durante três Sessões, é de grande interesse social e vai anistiar 112 mil
contribuintes, que são, exatamente, os pobres, os que necessitam e aquela
população que tem uma esperança muito grande no coração e que nos coloca nesta
Casa. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB. A palavra com o
Ver. André Forster.
O SR. ANDRÉ FOSTER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agradeço
à Liderança do PMDB a cedência do tempo. Desfilam na tribuna os mais variados
pronunciamentos tentando justificar ao Plenário e à opinião pública o grande
número de projetos que, em si, não significariam muito, não fosse, também, a
grande complexidade, diríamos, de praticamente todos esses projetos. Nós
assistimos os ilustres Vereadores da Bancada do PDT desfilarem na tribuna
justificando os projetos, mas os argumentos são os do Executivo. Não são
argumentos lavrados no estudo propriamente do projeto, não lavrados em
argumentos resultantes da avaliação, da pesquisa e do estudo que deveriam ser
proporcionados a partir deste Legislativo. E aí, Srs. Vereadores, reside o meu
receio em relação a esses projetos com esta Extraordinária. Nós discutiremos
esses projetos, Ver. Werner Becker, com a Bancada do PDT, no exame específico
dos projetos, das razões levantadas a favor ou contra, no argumento confrontado
em cima do artigo de cada um dos projetos, ou vamos fazer aqui um simulacro de
discussão em que ouviremos, apenas, ecos do Executivo, falseando-se com isto
qualquer capacidade ou possibilidade que nos traga a lucidez sobre as
implicações desses projetos ao conjunto da opinião pública, ao conjunto da
população de Porto Alegre. Aí reside a minha preocupação em relação ao
Legislativo Porto-alegrense neste momento. Como pode o Legislativo e qualquer
Vereador... Que ponha a mão na sua consciência e a outra sobre o volume dos
projetos que nos chegam: não poderá afirmar que este Legislativo tenha
condições de fazer um exame desses projetos em tempo reduzido, projetos que
demandaram algum tempo de estudo, algum tempo de pesquisa, algum tempo de
reflexão, para serem formulados em forma de concepção na área do Executivo, mas
que aqui chegam ao argumento da urgência. Qual a urgência? Qual o argumento da
urgência senão a urgência em si mesma, a urgência do Executivo, que, por certo,
não é a urgência deste Legislativo? Apenas porque o Executivo assim o
determinou ao Legislativo de Porto Alegre? Por certo também não há urgência por
parte da população de Porto Alegre em ver os seus destinos analisados,
decididos, pela urgência do Executivo, quem sabe, ateada à urgência do
Legislativo. Eu não teria coragem de dizer que a população de Porto Alegre,
afetada por aumento de impostos, especialmente aqueles inquilinos sobre os
quais isso pesará além de seu aluguel, tenha urgência em ver examinados os
pagamentos dos impostos e, em alguns casos, aumentados em até 250%. Por certo a
população não tem urgência para isso e também pela que decorreu de um ano de
estudos estabelecidos na órbita do planejamento para fazer-nos debruçar sobre o
complexo problema do futuro desta Cidade, embutidos nos projetos do Plano
Diretor. Temos outros projetos, cuja inocuidade é absolutamente evidente, qual
seja o que embute metodologia de tarifas em lei. Vamos convir que isso é algo
inédito. Temos a convicção que este Legislativo não vai embarcar na proposta de
transformar metodologia de cálculos em lei. Qual a urgência para uma decisão
desta natureza, já que a metodologia proposta em nada difere de qualquer uma
das outras já existentes? Tranqüilamente poderíamos continuar estudando o
problema das tarifas balizados por qualquer uma das metodologias, sem
necessariamente transformar em urgência transfusão de critérios de cálculos
para lei.
Encerro
dizendo que este Legislativo está quase num impasse de vir a decidir sobre
matéria absolutamente complexa de forma superficial, porque não estão dados o
tempo e condições para que possamos nos debruçar, com a seriedade que merece,
sobre qualquer coisa que diga respeito a qualquer cidadão desta Cidade,
especialmente o que diz respeito ao que ele vive hoje, às condições que existem
hoje na Cidade, mas também o que diz respeito ao futuro desta Cidade e a
posição de cada um dos cidadãos na trajetória desta Cidade. Esta é a minha
palavra de preocupação sobre as condições que são dadas a este Legislativo para
decidir sobre matéria tão complexa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pelo PSB, com a palavra o Ver. Werner
Becker, em Tempo de Liderança.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Senhores funcionários da Casa, endosso integralmente as palavras proferidas
pelo Ver. André Forster em nome da Liderança do PMDB.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, há um fato nesta Convocação Extraordinária, além
de todos arrolados, que está chegando, se já não chegou, na raia do escândalo.
No momento em que o próprio Governo Federal se opôs frontalmente à elevação das
tarifas de transporte coletivo, no momento em que a população é assoberbada por
esta elevada onda de aumentos, depois de dez meses em que os senhores
empresários receberam em cruzeiros quando toda a população recebeu em cruzados,
depois de todas estas coisas que chegam às margens do escândalo, o Sr. Prefeito
embute na Convocação Extraordinária um projeto estabelecendo metodologia de
cálculo de tarifa. Como disse muito bem o Ver. André Forster, não há nenhuma
lei, se caracterizada pelo absoluto bom senso, estabelecendo metodologia. O Sr.
Prefeito e seus Assessores não são tão ingênuos para saberem que isso é uma
bobagem, mesmo porque, se se estabelece uma metodologia, limita-se a lei
anterior que dava prerrogativa para esta Casa de participar da tarifa. Não só
limita, como também constrange. E mais ainda: além de uma bobagem metodológica,
já que o Sr. Prefeito gosta tanto da palavra, é uma bobagem jurídica, porque
amanhã, aprovada esta lei, podemos aprovar novamente a lei da minha autoria,
que revogará esta lei que pretende falar em metodologia, lei que possui dois
aspectos. Diz que implanta uma nova metodologia. Eu gostaria que o Sr. Prefeito
me dissesse que nova metodologia, porque igual a todas aquelas que locupletaram
o bolso dos empresários até hoje. De outra parte, nesta lei, ela tem um artigo
que parece normal, costumeiro e ordinário. Diz ao final: "Revogam-se as
disposições em contrário", e “as disposições em contrário” é a lei que dá
competência para a Câmara de Vereadores legislar sobre tarifas. Mas o que é
escandaloso é por que isto precisa ser votado em Sessão Extraordinária. Só
posso dar uma informação ao Ver. André Forster, que talvez não saiba, e à
Bancada do PMDB. Os usuários não têm nenhuma urgência, mas eu já sei quem tem
urgência e vou dizer. Quem tem urgência é o Sr. José Guerreiro que, de perna
engessada, veio visitar esta Câmara ontem, que, de perna engessada, compareceu
ao Executivo. É ele quem está com urgência, Ver. André Forster. Então, não se
diga que ninguém tem urgência. Alguém tem urgência.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, antes de encerrar, é um direito do Sr. José
Guerreiro vir a esta Câmara, até participar do trabalho das Comissões, mas eu
gostaria, a Cidade gostaria, e o usuário, principalmente, gostaria de saber o
que é que o Sr. José Guerreiro veio fazer ontem, aqui, nesta Câmara, de perna
engessada. Certamente, não foi ouvir os nossos trabalhos. Até é uma questão de
lisura e transparência desta Casa que se expliquem aqueles com quem ele teve
contato o que é que ontem, com a máxima urgência, fez com que um homem de perna
engessada viesse à Câmara Municipal, justo quando se trata do tal assunto de
metodologia de tarifas e onde ele, como Presidente do Sindicato dos
Empresários, é o maior ou, talvez, o único interessado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrados os trabalhos e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de
segunda-feira, às 14 horas, onde será tratado, além da Pauta, o Processo nº
2150, PLE 29/86, em Discussão Geral e Votação, que havia sido adiado por 5
Sessões.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 16h51min.)
Sala
das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 19 de dezembro de 1986.
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